Vila Nova de Milfontes recebeu encerramento das Comemorações da Viagem Aérea Portugal – Macau
Vila Nova de Milfontes recebeu, no dia 21 setembro, o encerramento das Comemorações do Centenário da Viagem Aérea Portugal - Macau (1924 – 2024), promovidas pelo Município de Odemira, a Força Aérea Portuguesa e a Universidade do Porto, com um amplo programa dedicado à história e à homenagem deste feito pioneiro e emblemático na aviação portuguesa e no plano internacional, levado a cabo pelos pilotos aviadores Brito Paes e Sarmento de Beires e pelo mecânico Manuel Gouveia.
O programa das comemorações, que decorreu desde abril, foi organizado em parceria com várias entidades nacionais e internacionais, com a participação das famílias, e culminou no concelho de Odemira, território de origem do Comandante Brito Paes, onde foi iniciada a viagem aérea.
O momento final das comemorações incluiu uma visita ao local de descolagem do avião “Pátria” (um Breguet 16), no Campo dos Coitos, junto a Vila Nova de Milfontes, com explicação do historiador António Quaresma. No final da manhã houve um momento de homenagem da Força Aérea Portuguesa, com descerramento de placa comemorativa no Monumento dos Aviadores, no Largo da Barbacã, assinalado com a passagem de aviões da Força Aérea.
Durante a tarde, no Colégio Nossa Senhora da Graça, foi dinamizada uma Mesa de Conferências, moderada por Isabel Morujão (do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória da Faculdade de Letras da Universidade do Porto – FLUP/ CITCEM e coordenadora científica das Comemorações), com a apresentação dos temas “De Portugal a Macau - A viagem” pelo Coronel Carlos Mouta Raposo (Diretor do Museu do Ar), “Regresso a Milfontes. O momento ‘humilde e grande’ da consagração” por António Quaresma (investigador e historiador) e “Milfontes porquê? – homenagem a um tempo da aviação pioneira” por Henrique Henriques-Mateus (Direção Histórico-Cultural da Força Aérea). Foi depois apresentado por Isabel Morujão (FLUP/ CITCEM) o livro “De Portugal a Macau - A Viagem do Pátria, de Sarmento de Beires”, em nova edição bilingue em português e mandarim de Isabel Morujão e Rita Pina Brito. Na obra, o piloto Sarmento de Beires faz uma descrição pormenorizada e emocionante das 25 etapas da viagem, num registo raro da literatura de viagens aéreas. O imenso público presente recebeu um Postal Inteiro de Correios alusivo ao Centenário da Viagem Aérea Portugal-Macau, numa iniciativa dos CTT Correios de Portugal para assinalar a data. No pátio interior do Colégio Nossa Senhora da Graça, houve a apresentação e prova da edição especial de vinho branco Encosta das Fornalhas comemorativa do Centenário da Viagem aérea Portugal – Macau, produzido pela Adega dos Nascedios, no concelho de Odemira.
O encerramento oficial das comemorações aconteceu no Jardim Público de Vila Nova de Milfontes, contou com a leitura de mensagem enviada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e com intervenções do Presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes, Francisco Lampreia, do Diretor da Direção Histórico-Cultural da Força Aérea, Tenente-General Rafael Martins, e do Presidente da Câmara Municipal de Odemira, Hélder Guerreiro. Depois da apresentação do documentário “Portugal-Macau 1924-2024”, realizado por Diogo Vilhena, natural de Vila Nova de Milfontes, seguiu-se o espetáculo musical com a atuação da Banda de Música da Força Aérea, que contou com a participação especial da fadista milfontense Joana Luz.
O programa das comemorações decorreu, entre abril e setembro, em vários momentos em Sintra, Porto, Macau e Hong Kong, que contaram com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Odemira, Hélder Guerreiro. A Sessão Oficial de Abertura das Comemorações aconteceu no dia 7 de abril, no Museu do Ar, em Sintra. O segundo momento oficial aconteceu no dia 15 de maio, na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto. Seguiram-se dois momentos, no dia 20 junho, em Macau, no Consulado Geral de Portugal para Macau e Hong Kong, inserido nas comemorações do mês de junho – Mês de Portugal, e no dia 21 junho, em Hong Kong, no Club Lusitano de Hong Kong, cerimónias que contaram com o apoio do Consulado Geral de Portugal para Macau e Hong Kong, Instituto Português do Oriente, Fundação Oriente e Club Lusitano de Hong Kong.
A primeira viagem aérea Portugal - Macau constituiu um notável feito aeronáutico de destaque internacional. Portugal competiu com êxito no plano das grandes viagens aéreas intercontinentais que então eram promovidas pelas grandes potências mundiais. Contudo, o Estado português autorizou mas não financiou o raide, tendo sido o povo a mobilizar-se para o financiar, através de ampla subscrição pública e iniciativas da sociedade, que galvanizaram o país inteiro. Partindo a 7 de abril de Vila Nova de Milfontes, os aviadores viveram momentos de elevado risco, como na aterragem de emergência na Índia, que danificou definitivamente o avião e obrigou à aquisição de um novo aparelho, igualmente custeado pelo povo português. Os aviadores percorreram um total de 16.760 Km em 25 etapas, até aterrarem a 20 de junho em Shum-Chum, na China, após terem sobrevoado Macau, onde não conseguiram aterrar devido a um ciclone.
Nos meses de outubro e novembro, estará patente ao público na Biblioteca Municipal José Saramago, em Odemira, a exposição itinerante “Portugal na aventura de voar”.