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Joaquim Maurício da Conceição Rosa

Joaquim Maurício da Conceição RosaJoaquim Maurício da Conceição Rosa faleceu aos 84 anos de idade no dia 21 de Outubro de 2017, homem que no tempo do fascismo teve de deixar a sua terra natal, emigrando para terras longínquas, na luta por condições de uma vida melhor e de sustento para sua família.

Lutou para que o Povo da sua freguesia tivesse trabalho, deixasse de emigrar e aqui fossem criadas condições para todos poderem ter o pão que lhes era negado pelos grandes proprietários, para além da repressão que este povo conheceu nas lutas que travaram contra a ditadura, de que foi exemplo a luta pelas oito horas de trabalho.

Joaquim Maurício destacou-se na luta desde as primeiras horas após o 25 de Abril de 1974 e no ano de 1975 com outros camaradas decidiram ocupar as terras dos agrários que pouco ou nada produziam e onde eram explorados. Trabalhavam de sol a sol quando os agrários entendiam dar trabalho e pagavam o que queriam, pois viviam para os lados de Lisboa e de vez em quando passavam pelos montes a passar férias, receberem o dinheiro da venda da cortiça, da venda de gados (os que tinham) e pouco mais.

Joaquim Maurício com outros camaradas, naquele ano de 1975 constituiu a UCP – Unidade Coletiva de Produção 1918, nome que ficou célebre pela luta travada na aldeia de Vale de Santiago, reivindicando melhores condições de trabalho e que por essa luta o povo da aldeia foi espancado, espezinhado e foram presos muitos desses trabalhadores.

Com a gestão rigorosa e eficaz com Joaquim Maurício à frente da UCP e outros amigos, deixou praticamente de haver desemprego na freguesia, foram adquiridas máquinas, compraram-se gados, pôs-se a terra a produzir, apostou-se em novas culturas, fizeram-se barragens e regadios, repararam-se montes, limparam-se montados, deu-se uma vida nova de esperança e amor a todos os que viviam na freguesia. Esta UCP foi um exemplo, das mais bem organizadas no concelho de Odemira e até no Distrito de Beja. A UCP não tinha dívidas e além do pagamento dos salários, distribuíam géneros alimentícios pelos trabalhadores e pelas famílias mais necessitadas de toda a aldeia.

A UCP foi desmantelada, o desemprego voltou à freguesia, os jovens tiveram de ir à procura de sustento longe da sua terra, tal como Joaquim Maurício teve de fazer, emigrando, deixando a sua família. O povo da freguesia de Vale de Santiago por tudo o que sofreu e sofre nunca poderá deixar de reclamar que “A TERRA DEVE SER DE QUEM A TRABALHA”.

Joaquim Maurício foi um líder reconhecido, eleito Presidente da Junta de Freguesia de Vale de Santiago em vários mandatos, cargo que desempenhou com grande amor e dedicação à causa pública durante mais de uma década, juntamente com outros amigos. Deu sempre provas que era possível melhorar as condições de vida de todos, através da reivindicação para realização de obras de saneamento básico, eletrificações, construção de estradas, arruamentos, melhores escolas, etc, cuja realidade marcou o avanço em termos de qualidade de vida para todos.

Destacou-se na qualidade de autarca do concelho de Odemira, por ser amigo do seu amigo, reconhecido por todos os quadrantes políticos.
Outra das facetas de Joaquim Maurício foi o seu amor e dedicação à arte de fazer com o seu “canivete” trabalhos manuais em madeira e cortiça, tendo sido sócio fundador da Associação de Artesões do Concelho de Odemira (CACO) onde se destacou, mostrando a sua arte.

Sempre soube respeitar e enaltecer o seu Partido – o Partido Comunista Português, contribuindo ativamente na organização onde pertenceu, destacando-se pela sua frontalidade e amor à luta dos trabalhadores.

Pelas suas convicções, pelo seu trabalho, pela sua honestidade e competência fizeram dele um HOMEM que fica na história da Aldeia que o viu nascer e do concelho de Odemira.

Perante o que atrás se descreveu, constitui um imperativo de Justiça que a Comunidade reconheça e valorize publicamente o papel e a ação que Joaquim Maurício, Operário Agrícola, Presidente da Junta de Freguesia de Vale de Santiago, como democrata, demonstrou ao longo da sua vida sendo um exemplo para as gerações vindouras pela sua dedicação, rigor e mérito.

Em reconhecimento da excecional relevância do seu trabalho do seu trabalho, ao serviço da comunidade Odemirense, o Município de Odemira atribui a Medalha Municipal de Mérito, a título póstumo, a Joaquim Maurício da Conceição Rosa, representado por seus filhos e família.

Odemira, 25 de abril de 2018