História
Dotada de uma localização estratégica entre a serra de São Luís e as faldas da serra de Monchique, a 20km da costa, Odemira teve no rio Mira a via natural de passagem e penetração para o Alentejo interior, o que fez dela um ponto estratégico cobiçado pelos vários povos que aqui viveram.
Este concelho de grandes dimensões apresenta uma variedade geográfica e panorâmica, com múltiplas culturas agrícolas e espaços florestais. Economicamente, Odemira sustenta-se sobretudo à custa da agricultura e da pecuária – cereais, legumes, gado, madeira, cortiça e fruta – mas também possui pequenas indústrias, turismo e uma atividade piscatória considerável.
História de Odemira
A ORIGEM DO NOME
A explicação do topónimo Odemira tem várias versões.
A versão lendária sobre a origem do nome, remonta à altura da sua povoação árabe: um alcaide mouro de nome Ode, habitava o castelo com a sua bela mulher uma moura encantadora, como todas as outras mouras das lendas populares. Quando esta viu chegar as tropas cristãs terá gritado: “Ode, mira para os inimigos, donde vêm sobre nós “tendo estado, este aviso, na origem do nome Odemira.
Estudos históricos e semânticos revelam que o termo ode deriva do árabe wad que significa rio e o elemento mira terá origem pré céltica estando relacionada também com a ideia de água. Do que se depreende que o topónimo Odemira se refere em diferentes línguas à noção de curso de água, o que denota a importância do rio.
A VILA E O CONCELHO
A região terá sido habitada desde tempos remotos desconhecendo-se, contudo, a sua origem. Aqui estabeleceram-se vários povos, entre os quais romanos e árabes, que marcaram os usos e costumes das gentes da região.
A reconquista de Odemira foi tardia, realizada, pensa-se, pelos frades guerreiros da Ordem de Santiago; em 1238 todo o Alentejo, incluindo Odemira, estava nas mãos dos cristãos.
Em 1245, D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de Santiago, doa o castelo de Odemira ao Bispo do Porto – D. Pedro Salvadores.
Em 1256, D. Afonso III concretiza a apropriação da vila para a coroa dando-lhe foral em 28 de Março.
Este foral estabelece o termo do concelho e denota uma realidade profunda que já vinha do passado, retendo uma certa continuidade em relação à herança árabe. Odemira, situada perto do limite do troço navegável do Mira, ergue-se num local dominante sobre o rio constituindo-se como centro aglutinador de uma região vasta.
Reflete assim um modelo territorial comum no sudoeste da península: uma povoação relativamente recuada em relação à linha de costa mas que a ela tem acesso por via fluvial, controlando economicamente uma área circundante relativamente vasta, neste caso a bacia do Mira. Trata-se da mesma lógica territorial (segundo António Quaresma) a que obedeceram povoações como Álcacer do Sal, Silves ou Mértola, Santarém, Coimbra, ou, em Espanha, Sevilha e Niebla.
No reinado de D. Dinis, o senhorio de Odemira é doado a Manuel Pesanha (1319),um genovês que terá vindo ajudar a organizar a marinha portuguesa.
Com D. Afonso IV, Odemira passa, por alguns anos, para a Ordem de Santiago, acabando por voltar à coroa em 1352.
D. Pedro volta a entregar o castelo de Odemira à família Pessanha, desta vez a um filho de Manuel Pessanha – Lançarote Pessanha (1357).
Posteriormente, em 1387, Lourenço Anes Fogaça recebe de D. João I a vila de Odemira. O último elemento desta família a deter o senhorio de Odemira foi João Fogaça, escudeiro da casa do Infante D. João.
O primeiro Conde de Odemira foi D. Sancho de Noronha (1446), que obteve o título por carta passada por D. Afonso V.
No âmbito da reforma dos velhos forais, levada a cabo por D. Manuel, Odemira recebeu foral novo em 1510, nele se revela a importância do porto de mar, dos montados de gado e dos filões de metais existentes.
O condado de Odemira extinguiu-se no séc.XVII (1661), tendo sido a Casa incorporada na de Cadaval.
No século XIX, o regime liberal reestrutura os limites do concelho, dando-lhe a sua configuração atual. O concelho abrange uma área extensa ao longo da costa e no seu interior uma vasta área de serras e campos com uma fauna e flora diversas; fazendo parte freguesias de outros concelhos, alguns deles extintos, como é o caso do de Colos e Vila Nova de Milfontes.